Quem é você, Alasca X Cidades de papel (uma análise comparativa)
- gambiarraliteraria
- 7 de jan. de 2019
- 4 min de leitura
Olá nação, esses dias eu perguntei lá no stories do Instagram da gambiarra (@gambiarraliteraria) se vocês gostariam de ver uma análise comparativa antiga, que eu tinha feito sobre os livros do John Green, e a maioria disse que havia interesse. Então, cá estou eu para apresentar os pontos de convergência e divergência de Quem é você, Alasca e Cidades de papel.

Para desencargo de consciência, em primeiro lugar, preciso dizer que análise comparativa nada tem a ver com dizer que um livro é melhor do que outro. Esse post nada tem de opinião pessoal, só análise mesmo, ou seja, peguei elementos da narrativa e os comparei encontrando pontos que se assemelhavam e outros que se distanciavam. Lembrando que isso só foi possível por que ambos os livros são romances, do mesmo gênero literário, caso contrário não haveria diálogo. Embora alguns elementos de um gênero apareçam em outro, é difícil você comparar histórias de vampiros com histórias de pessoas que estão com uma doença terminal, mas isso é conversa para outro post. Acho que deu para entender o que é análise comparativa sem que ninguém fique chiando só de ler o título do post né. Bora começar.
Meio que todo mundo já reparou que os protagonistas dos livros do Green são bem parecidos com ele mesmo ne? Então, com o Quentin e o Miles não é diferente, embora ambos tenham muita coisa nada parecidas, quer ver?
Quentin está terminando a escola, com a cabeça no seu futuro. Na faculdade, trabalho e carreira. Ele não se importa mais com a popularidade ou em parecer descolado. Só quer seguir a vida adulta numa boa com seus amigos. Miles está entrando numa escola, tipo internato, pela primeira vez. Escola essa que seu pai frequentou com a idade dele. As histórias que Miles ouve sobre a adolescência do pai povoam a imaginação do menino, que está cansado de ser um nerd protegido pelos pais. Ele chega na escola com um único objetivo e obsessão, ser popular a qualquer custo.
Até o tipo de amor que os dois sentem pelas meninas parece ser parecido, mas na verdade não é. Quentin sempre achou que Margo era um milagre em sua vida, desde pequeno a colocou num pedestal, lugar esse que só afastou os dois. Esse amor parecia impossível, até que Margo volta inesperadamente à vida de Quentin, obrigando uma aproximação amigável, que desperta nele certa obsessão, quando a menina desaparece. Miles encontra seu alvo de popularidade fácil em Alasca e se convence estar apaixonado. Como se namorar a menina mais famosa cheia de peripécias na bagagem o transformasse em descolado da noite para o dia, bem como um milagre. Mas ele se vê cada vez mais preso a Alasca depois que ela desaparece, logo quando ele tinha conseguido uma chance com ela. É como se o destino o tivesse sacaneando.
Eles podem até ser diferentes em suas coincidências, mas as meninas são realmente parecidas. Margo, embora cheia de amigos, é solitária. Faz tudo para chamar a atenção dos pais e é impossivelmente carente, fugir e deixar pistas de onde está é uma prova disso. E sobre Alasca, bem, eu poderia copiar e colar as mesmas palavras e tudo faria sentido. Alasca é desesperado por amor e carinho de verdade, e não só uma fachada. Ela podia ser um furacão sim, mas só porque estava vazia por dentro. O mais impactante é que todos que estavam a volta dela só queriam mesmo uma história para contar por aí, porque durante toda a narrativa dá pra perceber que Alasca está morrendo aos poucos, e que o suicídio não é uma ideia longínqua para ela, só que nenhum dos amigos tenta ajudar, e quando ela morre todos ficam satisfeitos por ela se tornar um mito.
Quando Margo desaparece e deixa para Quentin algumas pistas, ele sente que os dois retomaram a parceria antiga e que, talvez, eles possam ficar juntos. Com isso ele desencadeia uma busca desenfreada, envolvendo seus amigos e até uma viagem para encontrá-la. Mas ao chegar até ela, é só decepção. Margo já seguiu em frente e está muito bem, obrigada. A moça até gosta da atitude de Quentin, e pede para que ele fique. Os dois enterram, literalmente, o passado juntos, e ele entende que a ideia que você faz sobre uma pessoa, não é quem a pessoa é realmente.
Quando Miles descobre que Alasca morreu, e que a provável causa da morte tenha sido suicídio, ele entra em pane e gasta metade do livro tentando descobrir os motivos da menina. Sua "paixão" o força a querer ir atrás da história de Alasca, por trás da imagem intocável de garota popular, descobre que ninguém sabia muito sobre ela, e mais uma vez ele se prende a uma obsessão.
As duas obras são bem parecidas, tendo três anos de diferença do lançamento uma da outra, em alguns momentos da narrativa até parece que John Green escreveu Cidades de papel para acrescentar e mudar coisas que ele não curtiu em Quem é você, Alasca. Se deu certo ou não, agora vocês é que me dizem.
Espero que tenham gostado desse tipo de post. Logo tem mais coisa diferente por aqui, sobre literatura, fiquem ligados no Instagram da gambiarra também.
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