Nessa semana de celebração do dia internacional da mulher, a Gambiarra Literária está fazendo vários posts sobre ser mulher no mundo da literatura. Tanto aqui no blog, quanto no Instagram, vocês vão encontrar conteúdos do tema que fiz com muito amor e dedicação. Inclusive deixei nos stories do IG (@gambiarraliteraria) alguns outros IGS de mulheres maravilhosas que devem ter a atenção de vocês.
Para o dia internacional da mulher vamos falar do respeito a outra, principalmente nossa cruel cultura de colocar uma mulher contra outras mulheres. Notícia de última hora: ELES QUEREM NOS SEPARAR, POIS JUNTAS SOMOS MAIS FORTES, SIM.
Quer um exemplo? Vem comigo que eu vou te mostrar o quão importante é ficarmos unidas, a partir de situações exploradas em livros, e no final ainda teremos uma pequena entrevista com a autora de Meu medo de amar, Thais Silveira, que trouxe a sororidade para dentro de uma narrativa de romance, onde é tão comum vermos a competição entre mulheres.
Mas então, o que é sororidade? Quando você procura o termo no google o primeiro link que aparece é do site Significados, as primeiras frases do conceito nesse site são as seguintes: Sororidade é a união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum.
E é isso aí mesmo, quem teve contato com a obra O conto da Aia já sabe que as mulheres são fortemente proibidas de conversar e são até mesmo motivadas a se odiarem. Classifica-las em classe (as esposas, as empregadas, as que parem) é obviamente separa-las. Mas se não há perigo, porque separa-las?
Há mais de duzentos anos, Jane Austen escrevia em Orgulho e preconceito que proibir as irmãs mais novas de aproveitar os bailes da sociedade porque a mais velha não estava casada ainda, era alvo certo para aumentar a inimizade entre as meninas.
O que quero dizer é que sempre fomos colocadas umas contras as outras, sempre competindo, por tudo. O que não faz sentido, porque não separamos o que não é perigoso, não é mesmo? Então, o resultado dessa conta é só um, precisamos ter consciência de que "juntas somos mais fortes" não é só uma frase clichê para divulgar com mensagem de "bom dia" no dia da mulher. JUNTAS SOMOS MESMO MAIS FORTES.
No livro Meu medo de amar, a autora Thaís Silveira narra a história de Lauren uma jovem que, traída pelo seu primeiro amor, segue desiludida fugindo de paixões. Inclusive já tem resenha no @gambiarraliteraria. O que mais me impressionou nessa história, e não deveria de modo algum impressionar, é que no final do livro a protagonista volta a cidade onde a traição aconteceu e estende a mão para a mulher que esteve no meio dessa situação, ambas costumavam ser amigas e Lauren teve a empatia de perceber o quanto Jenna estava sofrendo ao tentar sustentar a filha que ela teve com o ex-namorado de Lauren, que a largou sem nem pestanejar. A protagonista acaba entendendo que toda aquela confusão poderia ter sido evitada se Steve não fosse de caráter tão fraco, e que por mais que Jenna tivesse um pouquinho de culpa, a tristeza passada na mão de um relacionamento abusivo a ensinou algumas coisas.
Fiquei muito surpresa porque situações assim em livros de romances sempre acabam com duas mulheres caindo na porrada e um boy lixo se achando o gostoso, então fui conversar com a autora e eis aqui algumas perguntas que fiz a ela:
GL: O que te motivou a escrever a cena em que Lauren resolve ajudar a amiga que a traiu com seu ex-namorado?
TS: Sinceramente, a ideia apenas surgiu kk. A ideia inicial era fazer Lauren ir até a praia para finalmente se sentir liberta e só. Depois, me veio a ideia de fazer com que Jenna e Steve tivessem uma filha. E depois, quando eu estava escrevendo a cena, foi vindo todo o resto. Eu sempre gosto de passar mensagens positivas nas minhas histórias e no final da cena, gostei muito do resultado. Talvez um pouco irreal e exagerado? Talvez, rs. Mas acho que amor e empatia nunca são exageros.
GL: A decisão de mostrar tamanha empatia por parte de Lauren foi proposital?
TS: Sim. Quando escrevi a cena, estava em processo de evolução mental (ainda estou, na verdade) e a empatia estava/está se tornando algo constante demais em minha vida, por isso, consegui enxergar Jenna muito além de “alguém que traiu a amiga e tinha um caráter duvidoso quando mais jovem” e foi o que tentei passar para os leitores. Afinal, somos todos seres humanos capazes de cometer erros e de buscar por perdão.
GL: Qual sua opinião pessoal, não de autora tá, sobre o Steve e toda a relação dele com a Lauren e a Jenna e sua filha?
TS: Pra mim, Steve é o típico boy lixo, embuste a ser evitado kk. Eu sei que não dei tanta ênfase à isso pois no livro tudo acontece rápido demais, mas, Lauren vivia um relacionamento abusivo com ele. Ele não a batia, não a xingava, mas ele a pressionava e a fazia sentir-se menos do que era. Isso é um tipo de abuso e quis mostrar para as meninas que leem que não é certo alguém fazer isso com você. Exigir sexo como “prova de amor” não é algo de quem ama. Não mesmo. Eu acredito na evolução de todo ser humano e acredito também que ninguém deva ser condenado pelo resto da vida pelo que era. Mas, homens/garotos como Steve são realmente difíceis de mudar e acho que as meninas devem ficar ligadas nesses detalhes antes de dar início a uma relação com alguém desse tipo.
GL: Como que é a recepção dessa parte da história? As mulheres costumam gostar ou acham que Lauren estava errada?
TS: Até então, todas as meninas com quem conversei adoraram essa parte em específico, o que me deixa muito feliz, afinal, como falei acima: amor e empatia nunca são exageros. Nunca são demais. São sempre bem vindos e super necessários.
O bate papo com a autora foi demais, e se você quiser saber de mais livros nacionais atuais, eu fiz uma lista bem bacana lá no IG.
O post já está longo demais, mas amanhã e domingo os conteúdos sobre o dia da mulher continuam, se liguem lá no Instagram da gambiarra. E vamos juntas.
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